O câncer de próstata está entre os três tumores mais frequentes no homem, ao lado do câncer de cólon ( intestino grosso) e do câncer de pulmão. Estima-se em quase 66 mil o número de homens diagnosticados com câncer de próstata no Brasil em 2020. A frequência aumenta a partir dos cinquenta anos de idade. Aproximadamente 1 em cada 9 homens vão apresentar câncer de próstata ao longo da vida. O risco aumenta em indivíduos cujo pai ou algum irmão teve a doença de modo que nesse contingente o risco é de 1 a cada 5. Entre tabagistas e afro descendentes o risco de morrer da doença é maior. Em 2018, mais de 15 mil homens morreram em decorrência de câncer de próstata, sendo o segundo tumor mais letal em homens, logo atrás do câncer de pulmão. Por outro lado existem casos de câncer de próstata indolentes que podem ser observados de modo a evitar os efeitos colaterais do tratamento.
Para prevenção do câncer de próstata não existem medicações comprovadamente eficazes. A cessação do tabagismo, manter o peso corporal correto, evitar excesso de carne vermelha e gorduras na dieta podem ajudar a reduzir o risco. Nos indivíduos com maior risco de desenvolver a doença, o rastreamento pode ajudar a reduzir o risco de mortalidade pelo câncer de próstata.
Nas fases iniciais o câncer de próstata é assintomático. Muitos homens tem sintomas decorrentes do crescimento benigno da próstata, doença que pode coexistir nas mesmas faixas etárias. Os principais exames para rastreamento do câncer de próstata são o PSA e o toque retal. O PSA é uma proteína chamada de Antígeno Prostático Específico e que pode ser dosada no sangue. O aumento dos níveis sanguíneos de PSA levanta a suspeita do câncer de próstata. Através do toque retal, o urologista pode avaliar o volume da glândula e a sua consistência. Áreas com nódulos endurecidos também levantam a suspeita da doença. Diante da alteração do toque retal ou do PSA, uma biópsia pode ser necessária. Esse procedimento consiste na retirada de pequenos fragmentos da próstata através do reto ou do períneo e a localização da próstata é feita através de um aparelho de ultrassom. Esses fragmentos são enviados ao laboratório de anatomia patológica e a análise microscópica pode confirmar ou não o diagnóstico.
Se o diagnóstico for confirmado é preciso fazer o que chamamos de estadiamento, que consiste em realizar exames para analisar em que fase está a doença. Esses exames são normalmente o mapeamento ósseo e a ressonância da pelve. O tumor pode ser localizado na glândula, pode ser localmente avançado quando se dissemina no entorno da próstata ou pode ser metastático se já se disseminou para outros órgãos distantes da próstata.
Caso a doença seja localizada, é possível se realizar um tratamento curativo. Dentre as opções para tratamento do tumor localizado temos a cirurgia radical, habitualmente realizada com a ajuda de um robô nos dias de hoje, pode ser a radioterapia ou mesmo um tratamento chamado HIFU.
A cirurgia radical consiste na remoção da próstata, das vesículas seminais e dos linfonodos localizados próximos á próstata, na pelve. Esse tratamento tem riscos de sangramento, incontinência urinária e impotência sexual, riscos que podem ser minimizados com a experíência do cirurgião e com o uso de ferramentas como um robô cirúrgico. A média de internação é de 36 a 48 horas e o paciente fica com sonda na uretra por um período de 5 a 7 dias.
A radioterapia consiste em tratar o tumor através da aplicação de radiação com o intuito de eliminar as células tumorais do tecido. É um tratamento que oferece taxas de cura ligeiramente inferiores ao tratamento cirúrgico. Tem riscos de incontinência e impotência que também podem ser reduzidos com a experiência do radioterapeuta e utilizando-se aparelhos de radioterapia modernos, com sistemas de localização do tumor e de aplicação da radiação cada vez mais precisos. Em alguns casos é necessário o uso de medicações que bloqueiam a ação da testosterona por períodos que variam de 3 meses a dois anos, dependendo do caso. Todo o tratamento dura cerca de 45 dias, pois são 35 doses diárias de segunda a sexta-feira.
O HIFU é um tratamento que consiste na eliminação das células tumorais através do aquecimento do tecido. A fonte de calor é um aparelho de ultrassom de alta intensidade que pode elevar a temperatura do tecido prostático até 86 graus Celsius. O aparelho é introduzido através do reto e todo o procedimento é feito sem cortes. A média de internação é de um dia e o paciente permanece com uma sonda na uretra por 7 dias.
Nos casos diagnosticados já com metástases, as probabilidades de cura diminuem drasticamente. O tratamento é feito na maioria das vezes com medicamentos que bloqueiam a produção ou a ação da testosterona no organismo. Quimioterapia pode ser necessária. Nesse estágio o objetivo é prolongar a sobrevida e reduzir as complicações e o sofrimento decorrente da doença metastática.
Vejam que muitas questões envolvem o câncer de próstata, desde a necessidade de fazer exames para diagnóstico precoce ou não até qual tipo de tratamento fazer caso o diagnóstico seja firmado. O importante é conversar com o seu urologista para saber se no seu caso é importante fazer rastreamento ou não. Caso seja diagnosticado, discuta com seu médico sobre as vantagens e desvantagens dos diversos tipos de tratamento e se algum deles é melhor para o seu caso.