Cálculos renais
Os cálculos renais ou pedras nos rins, são resultantes da agregação de sais normalmente presentes na urina, que é uma solução complexa. Estes sais podem ser oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, ácido úrico, dentre outros. Simplificadamente, se houver água suficiente para diluir a esses sais, as pedras não se formam. Além disso, o nosso corpo elimina na urina algumas outras substâncias, como o citrato, que são capazes de inibir a formação das pedras. Esse é um mecanismo de defesa natural do nosso corpo contra a formação dos cálculos.
Existem alguns fatores de risco para a formação dos cálculos: tomar pouco líquido é o principal. Além disso, consumo excessivo de sal de cozinha, alimentos muito ricos em proteína como carnes, principalmente a vermelha, além de suplementos de aminoácidos, aumentam o risco de formação dos cálculos. Refrigerantes, alimentos em conserva, também não são recomendados.
Outros fatores de risco importantes são história familiar, obesidade, sedentarismo e estresse prolongado.
As pedras geralmente se formam dentro do rim e não dão sintomas até que acabam descendo pelo canal do ureter e obstruindo a saída da urina deste rim. Nesta situação, pode haver sangramento urinário, dor de forte intensidade na região lombar, náuseas e vômitos. Esse quadro é conhecido como cólica renal.
Pedras de até 5 mm tem maior chance de serem eliminadas espontaneamente. Os pacientes com cólica renal são tratados habitualmente com medicações analgésicas, antiinflamatórias e antieméticas (contra náuseas e vômitos). Antibióticos são necessários em alguns casos.
Litotripsia
Litotripsia é um tratamento que consiste em quebrar os cálculos. Isso é necessário habitualmente em pedras maiores que 5 mm. Existem algumas técnicas diferentes de litotripsia.
Quando utilizamos um aparelho posicionado fora do corpo do paciente, a técnica é conhecida como extracorpórea. A máquina gera uma onda sonora capaz de penetrar no corpo do paciente e quebrar os cálculos dentro da via urinária. Nesta técnica os cálculos são localizados através de um aparelho de raio x ou de ultrassom. Quando o cálculo se localiza no rim e tem menos que 1,0 cm, as chances de sucesso são maiores.
Se o cálculo já migrou para o canal do ureter, na maioria das vezes utilizamos pequenos endoscópios introduzidos no corpo do paciente através da uretra. São os ureteroscópios. Dessa forma podemos entrar no canal do ureter e alcançar o rim utilizando ureteroscópios flexíveis. Os cálculos são visualizados diretamente através do ureteroscopio e de um sistema de vídeo. Podemos quebrá-los utilizando a energia de um laser ou mesmo aparelhos que se assemelham a pequenas britadeiras.
No caso de cálculos muito grandes, especialmente nos maiores que 2,0 cm, podemos utilizar a cirurgia renal percutânea. Essa cirurgia é feita através de um pequeno orificio na região lombar. O cirurgião introduz uma cânula de cerca de 1,0 cm de diâmetro da pele até o interior do rim. Através dessa cânula, podemos trabalhar com um endoscópio e quebrar o cálculo com laser ou uma pequena britadeira. Os fragmentos são retirados com uma pinça através dessa cânula . A grande vantagem é poder tratar cálculos maiores e evitar a passagem dos seus pedaços pelo canal do ureter que tem pequeno calibre.
Na maioria desses procedimentos pode ser necessário o implante de um dreno no interior do rim, chamado cateter duplo jota. Esse cateter é removido depois que estamos certos de que não sobraram fragmentos do cálculo capazes de obstruir o canal do ureter. Esse cateter também é necessário quando o canal do ureter fica machucado após qualquer desses procedimentos.