A vasectomia é a cirurgia de esterilização masculina. Trata-se de um procedimento simples e de poucos riscos. Do ponto de vista de eficácia, é provavelmente o método contraceptivo mais eficaz. A chance de gravidez após a vasectomia é muito baixa, desde que tomadas as devidas precauções, como descreveremos adiante.
Antes de mais nada o casal deve estar seguro sobre a decisão. Nos Estados Unidos o índice de arrependimento é de cerca de 10 %. No Brasil existe uma lei que normatiza a realização de cirurgias para esterilização masculina e feminina. O casal deve ter união estável, com idade mínima de 25 anos e pelo menos um filho. Existe um termo de consetimento que deve ser assinado pelos dois e as firmas devem ser reconhecidas em cartório. Deve-se observar um período de 60 dias entre a decisão e a realização da cirurgia, para que se tenha tempo de amadurecer a idéia e de se obter informações sobre todos os métodos contraceptivos. Em alguns casos pode haver necessidade de avaliação social e psicológica, especialmente nos serviços públicos.
O procedimento é realizado na maioria das vezes com anestesia local e um sedativo leve. O cirurgião realiza uma incisão de 1,0 cm na bolsa escrotal e disseca o ducto deferente de um lado. O ducto deferente é o canal que leva os espermatozóides produzidos no testículo e armazenados no epidídimo até as vesículas seminais e a próstata. Esses dois últimos órgãos são os responsáveis por produzir boa parte do líquido seminal. O cirurgião remove então cerca de um centímetro do ducto deferente e amarra os dois cotos com um fio cirúrgico. Isso interrompe o circuito de eliminação dos espermatozóides do epidídimo. Depois de algum tempo os espermatozóides passam a ser reabsorvidos pelo corpo do paciente. O aspecto e o volume do líquido seminal permanece o mesmo para o paciente. A única diferença é que deixa de ter espermatozóides, o que só pode ser observado com o uso de microscópio. A incisão é fechada com um fio absorvível, que acaba por se desprender espontaneamente após alguns dias.
Após o procedimento o paciente recebe alta para sua residência. Nesse dia, permanece em repouso. Pode andar, mas não deve fazer nenhum esforço, pelo risco de sangramento.
No dia seguinte pode dirigir e retomar atividades que não requeiram esforço. Atividades físicas e sexual não devem ser realizadas por 7 dias.
As complicações do procedimento são infrequentes. Pequenos sangramentos que deixam a pele da bolsa escrotal com equimoses podem ocorrer. O desconforto no pos operatório é pequeno. A ferida deve ser lavada diariamente e pode ser deixada descoberta. É recomendável o uso de um suspensório escrotal ou cueca mais justa.
O método contraceptivo utilizado pelo casal deve ser mantido. Após cerca de 15 ejaculações, o paciente deve realizar o exame do esperma, chamado espermograma. Somente após a confirmação de que não há mais espermatozóides no esperma o casal está liberado para suspender o método contraceptivo que vinha utilizando.
Embora exista a cirurgia para reversão da vasectomia, o procedimento deve ser encarado como definitivo. Isso porque muitas vezes é possível a recanalização dos ductos deferentes, mas os espermatozóides obtidos podem ser de má qualidade, a depender de quanto tempo decorreu entre a vasectomia e a reversão. Depois de 5 anos as chances caem bastante e depois de 10 anos o sucesso é muito improvável.
De qualquer modo, se a vasectomia for realizada com todos os cuidados e após uma decisão madura, é um ótimo método contraceptivo. Evita uma gravidez não planejada e liberta o casal dos outros métodos contraceptivos definitivamente. Em muitas situações, alguns casais passam a vivenciar uma certa tensão durante a atividade sexual diante do risco de gravidez. Nesse sentido a vasectomia vai dissipar essas preocupações.